Sou magro
Mas não tão magro assim
Que não tenha uma sombra
Sou esquálido
Mas não tão ferozmente
Que a palidez não me habite
Sou triste
Mas não tão mudo e quedo
Que um sorriso não e visite
Sou simples
Mas não tão simplesmente
Que uma duvida não me angustie
Talvez a de saber que tudo
Eu sou só um momento
Nesta estrada em cada passo, nova
E que o amor, em que fugaz, me provo
Delicadamente, em si , me desaprova
E assim, de tímido que eu era
Em ser abrupto
Me escoo e moldo na suspeita
Me arrogo o direito
De afirmar
Que a morte que eu temia por ômega
Mais do que um fim
Mais do que poço e fel
Que no termo do caminho nos espreita
É tudo isso que nos cega
Mas por isso menos e mais
É do meu amor
O seu ninho cruel